Depois da tempestade vem a bonança

Don't cry for me Argentina!!!

Tudo bem que eu queria mesmo é ganhar a Copa, mas já que não ganhei, pelo menos tive a alegria de estar presente no Green Point Stadium para ver a Alemanha enfiar 4 gols na Argentina. Deu até para deixar a tristeza de lado enquanto ria to sacode que os argentinos tavam levando. Torci tanto que fui, novamente, confundido com um alemão por outro alemão. Eu tinha certeza que meu 1 mês de alemão no Baukurs eram suficiente para eu por Alemão Básico no meu currículo.

Foi um jogo com direito a cantar Don’t Cry For Me Argentina ou entoar novamente o grande grito brasileiro dessa Copa: :”Miiiiiil Gooooools! Mil Gols, mil gols, mil gooools! Só Pelééééé! Só Peléééeé! Maradona Cheirador!”.

De nada Joachim Low

A verdade é que eu saí do Argentina x Nigéria, primeiro jogo que eu fui dessa Copa, dizendo que havia uma avenida atrás do lateral direito deles (pode procurar lá no antepenúltimo parágrafo do post Hakuna Matata) e foi exatamente por ali que a Alemanha armou as jogadas dos 4 gols(percebam isso quando revirem os gols). Com isso, só posso chegar a uma conclusão: o Joachim Low(técnico da Alemanha) lê meu blog. Agora to torcendo pra uma final entre Uruguai e Alemanha afinal eu comprei uma camisa aqui que vem com o nome de todos os campeões da Copa, e se Espanha ou Holanda ganharem vão avacalhar minha camisa mesmo antes de eu usá-la.

Para chegar aqui em Cape Town a tempo de ver esse jogo, foram necessários 1800 km de viagem de carro com tempo cronometrado e uma passagem por Port Elizabeth.

Fizemos o 1o trecho (Joburg – Port Elizabeth – 1080km) em apenas 1 dia. Foram 12 horas de viagem em um cenário que pra mim parecia o Arizona, ou a minha expectativa dele já que nunca estive por lá. Algumas montanhas trapeziais que pareciam ter sido colocadas lá por alguém no fundo e uma grande planície de mato seco com meia dúzia de árvores verdes a perder de vista. A estrada pelo menos era boa em todo caminho e o GPS funcionou também sem maiores problemas o que foi um alívio pois no Brasil, se tentar ir do Rio a BH seguindo o GPS é capaz de você parar em Cuiabá.

Agora, um detalhe que nos marcou foi a ausência de qualquer coisa na estrada. Na média, andávamos 200km sem passar por 1 posto de gasolina sequer. Por isso fomos obrigados a parar na cidade de Trompsburg que é uma daquelas cidades que se você chegar lá e fincar sua bandeira e chamar de Luispauloburg ninguém vai dizer o contrário. É tipo a ilha de lost, não tá no mapa.

A cidade tem tipo 3 ruas. A pela qual você chega, a principal e a pela qual você sai. Por onde passávamos as pessoas acenavam para gente. Com um carro com a bandeira do Brasil no capô eu podia facilmente dar autógrafos na cidade. Acho que nossa presença lá foi o maior evento municipal que eles já tiveram desde o fim do Apartheid.

Paramos então para comer no único restaurante da cidade (que também era o único hotel). Nos arrependemos assim que entramos. O lugar era simplesmente horripilante. É um daqueles lugares que você vê em filme de terror e fica gritando para a tela “Sai daí idiota, não tá vendo que esse lugar é sinistro?”. O hotel era, deserto, gelado, todo de madeira, até o chão, com aquelas portas que fazem aquele “Nheco” quando abre e fecha. Na decoração da parede, objetos de madeira e metal de prender animais que mais pareciam objetos de tortura de escravos. E para fechar com chave de ouro, uma atendente manca e com braço esquerdo retorcido e paralisado (acho que ela tinha o lado esquerdo inteiro paralisado por derrame ou algo do tipo). Assim que o primeiro foi ao banheiro o Sérgio já preveu que seria o primeiro a morrer e quem fosse atrás ver por que estava demorando a voltar seria o próximo.

Terminou o 1o tempo e eu já comemorando

Chegamos em Port Elizabeth para descobrir que nosso Guesthouse era a mansão de uma bicha velha. Quer dizer, o cara se fazia de mulherengo e nos apresentou seus dois filhos. Mas nós continuamos achando que são filhos tipo, meio sobrinhos que moram com ele sabe? O que era bizarro é que o cara morava numa quase mansão cujo quarto que eu e o Sérgio ficamos era do tamanho do meu apto no Rio e tava alugando a casa para 6 completos estranhos para ganhar meia paçoca de aluguel. Por que um cara com uma casa daquelas se daria a um trabalho desses eu não sei. Tem alguma coisa de estranha aí.

Depois do jogo do Brasil partimos direto (e putos, naquele silêncio foda dentro do carro) para Cidade do Cabo. Paramos para dormir em Knysna(260 km de Port Elizabeth) e ver o jogo do Uruguai que teve toda emoção digna de uma Copa do Mundo. Acordamos cedinho hoje e fizemos direto os 500Km que faltavam. A viagem foi tranquila. Difícil mesmo foi chegar no hotel que fica a uma distância tão ridiculamente perto do estádio que dá tipo para ir cagar no quarto no intervalo do jogo se tiver vontade e voltar pra ver o 2o tempo sem perder um lance sequer.

Vamos aproveitar esses dias sem jogo para passear melhor em Cape Town, que ao contrário de Johannesburgo, parece ter muita coisa para fazer. No caminho de volta, pretendemos andar de Elefante, um passeio dos Reis, segundo o panfleto que achamos.

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4 respostas para Depois da tempestade vem a bonança

  1. May disse:

    “Algumas montanhas trapeziais que pareciam ter sido colocadas lá por alguém no fundo e uma grande planície de mato seco com meia dúzia de árvores verdes a perder de vista”

    Savana, Luís Paulo, Luís Paulo, Savana 😛

    Você é louco de ficar se enfiando nesses buracos por aí, pq lugar sinistro no Brasil é uma coisa…Eventualmente o Datena te acha, agora na ÁFRICA vc vira no máximo comida de leão e lenda urbana…Se bem que eu ia achar mais sinistro dormir na mansão de um velho estranho, trancou todas as portas e colocou móveis na frente né?!

  2. Leo disse:

    Muito maneiro cara! de fato depois do 4 a 0 eu até esqueci que tínhamos sido eliminados na véspera!
    Eu ainda tô curioso pra saber como canta o “Mil gols, mil gols, só Pelé, Maradona cheirador!”
    Um abraço e aproveita a ultima semana aí!

  3. Paulinha disse:

    Sobre o Argentina e Alemanha, realmente foi um alívio e um presente tão bons que teve o poder milagroso de curar a dor do dia anterior… sério, deviam patentear isso: eliminação da argentina-cicatrizante e aumenta a endorfina. Acordei ao segundo gol da Alemanha (tinha dormido apenas 1h e 15 min na noite anterior) com mil cornetas tocando, foi muito bom acordar assim! E ir vendo cada gol foi delicioso… não faz sentido direto, a gente sabe, mas vingança é um prato que se come frio.

    Caraca, 1800 km dirigindo… aff vcs! Com direito a hotel assombrado e gaiola das loucas.. haja amor pela bola… 😉
    Quero fotos dos elefantes!!

  4. LPP disse:

    @ May, eu sei oq é Savana, mas po, é muito geométrico, assusta

    @Leo é no ritmo de Ole, Ole, Ole, Ole, Da-lhe Vasco! Da-lhe Vasco! Da-lhe Vasco ole ole

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