Bizarrices do outro lado do mundo – Lua de Mel by Perrengue Tour

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Mictório visto da rua em Hiroshima

Passando mais alguns dias no Japão deu para perceber que nem tudo aqui são privadas quentinhas e Pokemons fofinhos não. No meio de Hello Kitties em canteiro de obra encontramos muitas coisas bizarras.

Uma das coisas que mais me assustou aqui foram os mictórios dos banheiros, por um simples motivo: eles não têm porta. Tipo, não estou falando da portinha tipo do cubículo da privada não. Estou falando da porta que impede alguém passando na rua de me ver mijar mesmo. Beleza que não são todos, nem em todos os lugares, mas pelo menos 1x por dia, em alguma praça pública, shopping ou atração turística eu me via mijando e dando tchau para os transeuntes que por ali passavam. Alguns com menos de 10 anos de idade. B-I-Z-A-R-R-O!

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Com direito a fenda na perna e tudo

Banheiros aliás onde gastam numa privada dos deuses mas economizam no sabão. Não sei se eles confiam 100% na lavagem completa que a privada automática faz ou se eles simplesmente são porcos mesmo, mas em geral, nos banheiros de locais públicos só tem água mesmo e na minha amostragem empírica, mesmo a água parece ser dispensável pra eles.

Outra coisa que chamou a atenção foram uns camisolões que nos davam pra usar nos hotéis que íamos. Super sexy para casal em lua de mel. Dá para pensar em vários fetiches com ele. Por exemplo, se a mulher tem uma tara com o Avô do Charlie na Fantástica Fábrica de Chocolate, supr dá pra usar o camisolão para dar um clima. Isso deve ser algum tipo de mecanismo de controle de natalidade, só pode. Eficácia maior que pílula, camisinha e chinelo Ryder.

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Avô do Charlie sensualizando no pole dance

Se bem que esse povo aqui tem cada tara maluca que não duvido de nada. Andando por Tóquio encontramos uma loja de vendia calcinhas pros pervertidos cheirarem. Falei pra Ciça aproveitar que tava com uma sacola cheia de calcinha suja na mala e fazer um troco pra pagar a janta, mas acho que ela está curtindo comer arroz sentada na calçada, pois ela não topou não.

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Tá servido?

Depois do último post, ainda tivemos mais um dia em Kyoto. Acho que foi o 1º sinal de que o cansaço físico da nossa andança tinha batido. Depois de ver os melhores templos nos 2 primeiros dias, logo no 1º passeio do 3º dia, no Castelo de Nijo, eu percebi que andava pelo Castelo olhando pro chão pedindo que o passeio chegasse ao fim enquanto a Ciça já tinha tirado uma lixa de unha na bolsa dela e aproveitava o passeio pra fazer a mão. Percebemos que não dava mais e resolvemos desistir da programação. Ao invés de passeios resolvemos tirar um tempo para fazer um bom almoço (leia-se aqui = um almoço que não foi arroz sentado no chão), andar sem rumo pela cidade e ir um pouco mais cedo pra Hiroshima. Para não deixar ela mal-acostumada com esse almoço esbanjando, onde pedimos até até guaraná brindar como se fosse champanhe (afinal de contas, lua de mel é só uma vez na vida), e trazê-la para a realidade do Perrengue Tour, peguei uns pães recheados/pizza para jantar que requentamos no hotel usando o secador de cabelo.

Hiroshima foi apenas 1 dia. A programação era de ver todo Memorial da Paz de manhã e ir a Miyajima ver o Tori Flutuante e uns templos a tarde, as como estava chovendo a gente cancelou Miyajima e saímos pra comer um Okonomyaki, prato típico da região. O prato é meio bizarro, devo admitir. É tipo um Xis-Panqueca-Miojo com Bacon, Ovo, Repolho, Cebolinha e molho de ostra. É tipo, um Yaki-sobra, o yakisoba com tudo que tinha sobrado na geladeira. O restaurante era mega local e éramos os únicos turistas lá. Não havia cardápio em inglês então basicamente o atendente/cozinheiro perguntou se gostávamos de ostra e queijo e a gente se sentindo meio intimidado, respondemos que sim, mesmo eu ODIANDO ostra. Mas como Deus protege os bêbados, as crianças e os loucos, veio bom. Veio um de ostra pra Ciça (que até gosta mais ou menos) e um de queijo pra mim. Ah sim, ostra e queijo, além de tudo isso que eu expliquei que já vinha lá atrás. Tem tanta coisa que não tem gosto de nada.

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Em cima a preparação da panqueca… o macarrão, o ovo e tudo mais ainda vai por cima desa montanha aí

Voltamos ainda a Tóquio, agora por mais 2 dias antes de ir pra Tailândia. Jogamos toda nossa programação fora depois de ver coisas maravilhosas em Kyoto e Hiroshima e decidimos apenas continuar andando sem rumo pela cidade. Eu já estava na tara de comer um bife, depois de passar 2 semanas comendo frango e peixe, mas pelo visto não será possível. Os pratos de carne por aqui em restaurantes nível Outback tavam saindo na casa de 150 a 200 reais, fora bebida e 10%. Carne aliás, que só não é mais cara que fruta no Japão. Já achei melancia custando mais que Iphone por aqui. Achamos ao menos um restaurante “italiano” onde eu resolvi comer uma massa para matar saudade de comida ocidental (até agora só comemos comida thai/japa todos os dias) mas eu pedi um carbonara e basicamente veio um miojo de bacon.

No último dia acordamos cedo pra comer o famosos Lamém do Restaurante do Chef Tsuta em Sugamo que tem uma estrela no renomeado Guia Michellin (e foi o 1º restaurante de Lámem a ganhar uma). Como Lámem é uma comida tradicionalmente barata (e o Tsuta cobra cerca de 30 reais pelo dele) vocês imaginam a fila que não é para comer num restaurante Guia Michellin por um preço de PF no Centro do Rio né? É tão grande que parece que esta tendo inscrição pra concurso da Comlurb na porta do lugar. Basicamente você tem que chegar lá bem cedinho (tem quem chega umas 6:30 da manhã) e esperar os caras chegarem (lá pelas 8:00) para dar uma senha que te dá o direito de voltar ao restaurante em uma hora entre 11 e 16 e almoçar. Apesar da senha, pode contar em esperar mais meia hora a 40 minutos pra sentar e comer além do período marcado na tua reserva.

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Meu miojo estrela Michellin

O lugar é meio Soup Nazi (quem já viu Seinfeld entende). Um silêncio sepulcral, você chega, escolhe uma sopa numa maquininha tipo essas de coca cola do metrô, pega uma ficha e dá para um cara que repassa pro cozinheiro fazer seu prato. Senta numa bancada bunda de fora, tipo essas dos galetos do rio, e em 5 minutos chega teu Lamém. Pra quem não sabe, lámem é tipo uma sopa de macarrão que pode vir com uns pedaços de carne (em geral, de porco) ou ovo cozido. Aí no Brasil a gente chama tudo isso de Miojo mesmo. A Ciça não conseguiu achar Lámem com ovo que ela fazia questão e no nervosismo e medo de causar discórdia e ser expulso do lugar, ela pediu qualquer coisa que na maquininha em japonês tinha egg do lado.. Por sorte, veio algo que ela gostou. Talvez por que depois de comer arroz puro no chão da rua e “pão/pizza” requentado no secador de cabelo, o nível da referência dela não estivesse lá em cima não.

Pra finalizar, fizemos uma busca por sabores estranhos de Kit Kat. O chocolate é o mais vendido no Japão e tem inúmeros sabores malucos exclusivos pra cá. Compramos de: wasabi, chá verde, melão com mascarpone, framboesa, morango, folha de cerejeira com chá verde, saquê, cheesecake de morango e chocolate amargo pra provar depois no Brasil.

Agora, como as lojas japonesas fazem para avisar seus clientes que está na hora de fechar, já estamos ouvindo a Hora do Adeus (sério, eles tocam isso em todos os lugares quando é pra você ir embora). Vou dizer que o Japão me surpreendeu. Já esperava ver coisas lindas em Kyoto, mas não esperava me divertir tanto em Tóquio. Acho que das grandes metrópoles do mundo, foi das que mais me apaixonei.

Agora, é hora de descansar um pouco e pegar uma praia na Tailândia. Phi Phi e Railey Beach, aí vamos nós!

“Se nós não pudéssemos rir das coisas que não fazem sentido, nós não poderíamos reagir a muitas coisas da vida.” – Calvin

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Do luxo ao lixo – Lua de Mel by Perrengue Tour

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O símbolo do Japão moderno

Finalmente Japão! A terra onde as privadas são mais interessantes que as mulheres. E isso não é nenhuma crítica às mulheres japonesas não, mas é que as privadas aqui são maneiras pra caralho mesmo. Primeiro elas fazem barulho de cachoeira ou jogam água dentro do vaso quando você senta para abafar o som do que você está fazendo ali. Em seguida, elas esquentam a tampa para mantê-la sempre em uma temperatura agradável para sua bunda. E para fechar com chave de ouro, tem o botãozinho da duchinha que sai de algum lugar de dentro do vazo e para na frente (pras meninas) ou atrás (para ambos) para jogar um jato de água morninha e te limpar. Algumas ainda já dão descarga automática quando você se levanta. A parada é tão sinistra que tem até instrução de como usar.

A viagem do Japão começou em Tóquio, uma cidade que não tem nada demais e tudo demais ao mesmo tempo. Não existe nenhum ponto turístico imperdível, mas ao mesmo tempo a cidade é sensacional. Só de andar pelas ruas, pelos bairros dos eletrônicos, dos animes e dos mangás (Akihabara) entrando de loja em loja para ver o que mais de maluco eles já inventaram. Passar horas rodando as ruazinhas de Shibuya atrás de restaurantes de sushis, bares bacanas e observando um dos cruzamentos mais movimentados e malucos do mundo, onde você tem certeza que aquilo ali não vai dar certo. Passear por Harajuku onde os adolescentes parecem ter saído do desenho da Sailor Moon ou Dragon Ball. Ou simplesmente andar sem rumo olhando os sinais luminosos, caminhando por parques ou templos e tudo mais, é uma graça. Ainda conseguimos emendar uma visita a Disney Tóquio já que a Ciça nunca tinha ido a Disney e aqui tem um parque (Disney Sea) que só existe no Japão. Única reclamação é que não tem lata de lixo. Não é tipo, tem pouco, tipo aquelas latas verdes de jogar pilha e bateria no Rio que você tem que andar por 3 semanas com pilhas no bolso até achar uma pra jogar fora não. É tipo, não tem mesmo!!!

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Akihabara

Comer era sempre um desafio pois quase lugar nenhum tem menu em inglês. Aliás, a falta do inglês também me surpreendeu. Fala-se muito melhor um inglês macarrônico na Tailândia do que no Japão. Mesmo nas recepções dos hotéis o inglês é nível daquela mulher que cantava Iarnuou (We are the world) no BBB, lembra? Solange aqui daria aula de inglês. No hotel de Kyoto por exemplo, eu perguntei onde comprava bilhete de ônibus pra recepcionista e ela respondeu em japonês Bendi-Machi apontando pro lado. Eu fiquei alguns minutos tentando entender onde ou o que era o Bendi-Machi. Se era o nome de rua, de uma loja ou de uma estação, até que outro recepcionista, mais safo, saiu da recepção e mostrou a Vending Machine, cerca de 2 metros pra minha esquerda e eu percebi que ela estava falando em inglês comigo mesmo.

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Kinkaku-ji, o Pavilhão Dourado

Kyoto, aliás é o contrário de Tóquio. Uma cidade, que foi capital do Japão o final do século 19 não é nem tão charmosa ou apaixonante como a atual capital, mas com templos cada um mais maravilhoso que o outro. É cartão postal ao lado de cartão postal. Isso tem um lado positivo que é o fato de que cada esquina você vê algo que te surpreende e um lado negativo, que são os pontos turísticos lotados de pessoas.

Aprendemos isso inclusive logo no primeiro templo que visitamos: o Kinkaku-ji, também conhecido como Pavilhão Dourado já que o templo principal deste santuário tem suas paredes pintadas a ouro. Embora lindo, me senti como se tivesse escolhido a véspera do Réveillon pra subir no Cristo sabe? Fiquei tentando imaginar a lógica budista desse negócio: você constrói um santuário de meditação, contemplação e autoconhecimento. Aí você pega essa ode ao silêncio e tranquilidade e abre pra 500 mil turistas por dia a 20 reais por cabeça. Não é à toa que tem 500 templos nessa cidade. Isso parece dar mais lucro que Igreja Universal.

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Feijões de vários sabores

Depois de ter caminhado por todo o templo como quem sai do Maracanã em final de campeonato, ao menos nos deparamos com inúmeras barraquinhas de comida esquisita japonesa que ofereciam provas para os turistas. Tiramos a barriga da miséria, provando inúmeras coisas esquisitas que nunca teria coragem de comprar. No final, ainda compramos um pacotinho de “ervilhas/feijões/sei lá o que era aquilo” com diversos sabores diferentes. Tinha uns doces, uns de páprica, uns de wasabi, uns que pareciam aquela pipoca do pacote rosa e uns com gosto de chulé. Me senti como o Harry Potter comendo os feijõeszinhos de todos os sabores.

Tivemos mais sorte dos outros templos do dia. Visitamos o Ryoan-ji, um templo que não tem nada demais como templo, mas tem um jardim maravilhoso e o Ginkaku-ji, um templo onde os telhados dos pavilhões são pintados de prata. Com certeza, nenhum dos dois são tão belos quanto o Pavilhão de Ouro, mas estavam tão mais tranquilos que deu para curtir e entrar no clima muito mais. No final, ainda caminhamos pelo Caminho do Filósofo, uma ruazinha toda arborizada à beira de um rio, cheio de lojinhas de arte, templos e cafés, que liga o Gingaku-ji a um outro famoso templo, o Eikando.

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Fushimi Inari

O 2º dia de Kyoto foi bem melhor. Subimos por 2 horas Fushimi Inari, o templo dos mil Toris, que são aqueles portões vermelhos japoneses. Quis comprar um, mas me disseram que era apenas para pendurar no templo com uma oração e não pra usar como decoração de casa. Pensei então que ou deveria ficar sem ou roubar o da oração de alguém pelo caminho. Não sei bem se foi por que seria estranho ter um Tori pintado com um pedido como casar a filha mais velha ou se foi por medo de algum espírito japonês me perseguir até o quinto dos infernos (e quem já viu filme de terror sabe que com macumba japonesa não se brinca), eu acabei por desistir da ideia e foquei em buscar um monge mais materialista disposto a fazer vista grossa pra sua religião para faturar uns trocados vendendo Toris pra turistas.

Curtimos mais o 2º dia também por que 2 dos outros templos que visitamos no dia (Chion-in e Yasaka), além de estarem bem menos cheios, eram a maioria de graça, o que no Japão faz toda diferença. Exceção do Kiyomizu-dera, que é o templo mais famoso de Kyoto e por isso cobrava o percentual do Buda na entrada.

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Aliás, do luxo da Tailândia onde se comia um banquete pra duas pessoas por 30 reais, passamos pro lixo do Japão onde um prato de arroz com nugget requentado num 7-Eleven da vida pode custar 60. Nada como passar sua lua de mel comendo comida congelada sentado no chão da rua. Alguns poderiam sugerir que nós levássemos a comida pra comer no hotel, mas os quartos são tão pequenos que ou cabem as malas ou cabem nós. Sem sacanagem, toda vez que eu entro no banheiro preciso colocar a mala no corredor de saída pra abrir a porta do banheiro e toda vez que vamos sair temos de por a mala na frente da entrada do banheiro pra abrir a porta do quarto. Se acabar o papel higiênico e alguém tiver de sair do quarto pra buscar enquanto o outro está no banheiro fudeu! Ninguém entra, ninguém sai! Bem, pelo menos, nessas horas tem a privada que lava, limpa e passa uma cera pra dar um brilho”.

“Nós estamos tão atarefados olhando com que está a nossa frente, que não temos tempo de aproveitar onde nós estamos.” – Calvin

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José Rico e Milionário – Lua de Mel by Perrengue Tour

Existe um ditado em inglês que diz que “Bad decisions make good stories” (Decisões ruins geram boas histórias) e eu admito ter adotado isso como um lema na vida, principalmente nas minhas viagens. Alias, de histórias de decisões ruins esse blog está cheio: seja viajar para a China sem ter hotel para dormir por 3 dias ou tomando um porre horas antes de embarcar numa viagem de ônibus de 16 horas na Patagônia e esquecer de uma amiga em outro país. Acho que sem elas esse blog nem existiria. É por isso, que por mais que eu tenha tentado dar um pouco mais de luxo a esta viagem, afinal, era lua de mel, eu sempre me lembro que Deus protege as crianças, os bêbados e os loucos quando tomo decisões de sanidade levemente questionável.

A viagem, no entanto, começou bem. Como a Ciça é daquelas que fica feliz até quando ganha o pote de delivery do Spoleto resolvemos ir do início ao fim tentando ganhar tudo o que o termo “lua de mel” podia nos prover.

Começamos mendigando uma cadeira livre ao nosso lado já no check in, afinal o vôo não estava lotado e estávamos de lua de mel. Esse pedido nos acabou rendendo até mais que o esperado. Ganhamos um “upgrade” pra classe executiva de pobre (sabe, quando te colocam numa fileira sozinho e você pode levantar os braços e deitar tranquilão em 4 lugares). No final do vôo no entanto, descobrimos que poderíamos ter tido mais: uma comissária que ficou de papo na saída disse que se eles soubessem que estávamos de lua de mel, teriam preparado uma surpresa para nós. Daí para frente não deixamos escapar mais nenhuma vez. De Dubai ao Japão, passando por Bangkok e Cingapura, sempre rolava um pedido “sutil e desinteressado” para um comissário tirar uma foto nossa, como souvenir da nossa lua de mel. Tal pedido rendeu sobremesas e drinks da 1ª classe na Emirates, e mais sobremesas, brindes e até um cartão que parece ter sido feito por uma adolescente de 12 anos na Singapore Airlines.

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Drinks, Sobremesas, Brindes e um Cartão da Singapore Airlines

A chegada a Bangkok foi o 1º perrengue. A Ciça não trouxe o certificado de vacinação de febre amarela dela e estavam pedindo na entrada. Desespero bateu e já fiquei pensando quais países teriam uma imigração mais frouxa aqui perto caso não conseguíssemos entrar. Meu 1º pensamento foi usar um cartão de vacinação em português que eu tinha, escrever o nome dela em qualquer lugar e apresentar como se fosse de febre amarela dando uma de joão sem braço pro cara que ia ver um cartão em português e não ia entender nada. Embora a chance do sucesso fosse baixa, para quem já alugou carro na Austrália sem carteira de motorista apresentando o CREA no lugar, achei que valia o risco.

Por sorte não precisou. A Ciça conseguiu logar no wifi do aeroporto e falar com alguém do antigo trabalho dela que enviou a cópia digital por e-mail e eles aceitaram.

Na Tailândia, no entanto o perrengue meio que parou por aí, afinal não é tão fácil tomar decisões de economia porca num país onde tua refeição mais cara custou 36 reais…. pra 2 pessoas!!!! Pudemos, pelo menos ali, ter uma vida de milionários (embora milionários e jantar de 36 reais pra 2 pessoas na mesma frase soa estranho).

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Grand Royal Palace

No primeiro dia tiramos para visitar os templos: Grand Royal Palace e o Templo do Buda Esmeralda logo de manhã (um dos mais belos palácios/templos que eu conheço pelo mundo) e o Wat Pho logo em seguida, onde fica a famosa estátua do Buda Reclinado que é imensa de grande. O Wat Pho, no entanto, é também conhecido como uma “Universidade Terapêutica Medicinal” pois foram dos monges do Wat Pho que foi desenvolvida a medicina herbal tailandesa e principalmente, o produto tailandês mais conhecido no mundo: a massagem.

Até hoje, o templo oferece cursos de massagem, mas como eu estava mesmo interessado é em receber, fomos ao centro de massagem que o templo oferece até hoje para uma horinha relax no ar condicionado. Sinceramente, nem sei dizer o que foi melhor, a massagem ou o fato de estar no fresquinho quando lá fora fazia 40 graus num sol apino.

No dia seguinte passeamos pelas Ayutthaya, a antiga capital tailandêsa, casa de mais de 500 templos budistas. Em um deles, estava rolando o equivalente a uma micareta budista, com pessoas dançando algo que mais parecia uma marchinha de carnaval enquanto uma banda ia andando em círculos em volta do templo.

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Ayutthaya inclusive é muito mais famosa pelas bandas de cá como o cenário do Sagat em Street Fighter II. Me senti tipo o Ryu lá. Se bem q ue o brasileiro do jogo e o Blanka.

A noite, todos os dias, passeávamos pelo fervo da Khao San Road e Ram Buttri Soi, onde pessoas tiram fotos fingindo comer espetinhos de insetos mas saboreiam uma comida de rua igualmente nojenta, muito mais fedida, porém deliciosa, nas barraquinhas (Deus protege as crianças, os bêbados e os loucos… lembrem sempre disso).

No nosso último dia esbanjando dinheiro na Tailândia (sério, me senti naquele filme Eurotrip que o cara tira uma moeda de 10 centavos de dólar no leste europeu e compra a cidade inteira com isso sabe?) nós fomos ao passeio até o mercado flutuante.

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Tipo se a Uruguaiana fosse em Veneza

Esse passeio aliás, tem o selo Bino de Cilada. Depois de pagar 60 reais para um guia nos levar até o mercado, descobrimos ter de pagar mais 300 por um barco para passear por um mercado que vendia as mesmas coisas que as barraquinhas em frente ao meu hotel: só que pelo dobro do preço. Pelo menos provamos uma espécie de Guarapa de Flor de Côco numa fazenda de açúcar que estava bem boa. A noite fizemos ainda a nossa 1ª de 3 aulas de culinária tailandesa onde fizemos o melhor phad thai que já comemos na vida. .

A aula inclusive é mais diversão do que cozinhar cozinhar mesmo. Assim, a gente faz todos os pratos de verdade. E ficam uma delícia também de verdade. Mas a impressão é que tudo é dado para você tão preparadinho que sua função ali é apenas de não cagar a receita. Se tu não cagar nada, sai ótimo!

No dia seguinte pegamos o vôo para o Japão, onde a vida mudou. De milionário com 10 dólares, passamos pra mendigos almoçando arroz puro sentado no chão da rua. Mas essa história fica para o próximo post, pois esse aqui já está grande demais.

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Vai um arrozinho aí?

“Dinheiro! Ha ha ha! Estou rico! Estou rico! Eu posso comprar qualquer um! O mundo é meu! Poder! Amigos! Prestígio!”Calvin

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O mundo por LPP & Ciça

Ciça,

casamentoAo invés de simplesmente declarar meus votos hoje, eu resolvi contar uma história. Uma história que alguns aqui já até ouviram um pedacinho dela no nosso noivado. A história do dia que eu tomei a decisão mais fácil da minha vida.

Eu não sei se todos os casais sabem qual foi aquele exato momento que tiveram a certeza absoluta que tinha encontrado o amor de suas vidas. O meu eu sei: foi assistindo uma entrevista no Jô.

Eu estava sozinho em Portugal e assistia o entrevistado, contar como ele era desconectado com a vida até aos 13 anos quando então, ele teve de fazer um seminário sobre o Petróleo no colégio. Ao ir para o quadro falar, ele não queria parar nunca mais. Foi tanta felicidade, que, para não descer ele até começou a inventar sobre o petróleo da Sildávia na Romênia, que ele tirou das aventuras do TinTin. Para ele, a felicidade é aquele momento que você nunca quer que acabe e ele fez de tudo para nunca mais sair da frente do quadro e virou professor.

Eu resolvi então filosofar e achar os meus momentos que eu não queria que nunca acabasse. Eu tinha acabado de pedir demissão do meu emprego naquele ano para estudar e me parecia o momento perfeito para encontrar minha paixão profissional. Mas minha mente nunca chegou a pensar sobre trabalho. Todos os momentos em que eu pensava tinha uma coisa em comum: você. Lembrei logo de cara, dos inúmeros dias antes dos seus embarques que a gente passava quase todo o tempo deitado juntinho não fazendo nada além de conversar. Momento esses que se repetiam a cada embarque e a cada vez que a gente queria ficar ali deitado para sempre.

Lembrei do nosso 1º mês sob o mesmo teto, que era apenas para ser até você arrumar outro apartamento e terminou com a gente fazendo uma proposta para comprar junto uma casa na tijuca com apenas 5 meses de namoro. Lembrei de nós cozinhando os pratos mais malucos juntos que ninguém nunca tinha feito e descobrindo na hora de que o próximo passo da receita que eu não li, era deixar um ingrediente marinando por 12 horas.

Naquela hora, não foi difícil perceber duas coisas: que pelo visto eu não gostava muito de trabalhar e que os meus momentos que eu queria que fossem eternos eram com você. Era então, apenas óbvio que eu devia passar o resto da vida ao teu lado!

Esse mesmo entrevistado, um famoso professor de filosofia, terminou ainda citando uma definição de que amar é encontrar uma causa exterior para sua felicidade. E você é a minha! Te amo!

“É um novo mundo Hobbes, vamos explorá-lo” – Calvin

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Em defesa da torcida brasileira – #cantabrasil

Vocês sabem que eu sempre fui um dos críticos da torcida brasileira com seus gritos do nível de “É canja, é canja, é canja de galinha, arruma outro time pra jogar na nossa linha”. Mas hoje venho aqui a fazer uma pequena defesa aos nossos torcedores.

Matéria no Globo

Matéria no Globo

Não, não esqueci que vaiaram o hino do Chile e isso é imperdoável. Mas dá para ver o claro avanço da torcida e o esforço de pessoas comuns, literalmente como eu e você para que isso mude. E isso já foi reconhecido em matérias no Globo (foto ao lado), na ESPN Brasil, no Extra e para quem viu pessoas panfletando no jogo na reportagem da Ana Maria Braga hoje.

Desde o jogo contra Camarões, um movimento da Banda Verde Amarela começou a tentar fazer algo. Um amigo meu, Fábio viu e se ofereceu para ajudar. Em poucos dias já tínhamos arrumado umas 20 cabeças para fazer uma vaquinha e tirar fotocópias das novas marchinhas do Brasil. Após ensaios em Copacabana e na Savassi 2ª e 6ª a noite, pousamos em BH com quase 10 mil flyers para se juntar com outros que já haviam lá.

A Brahma também ajudou. Conseguiu que a Banda entrasse com instrumentos de percursão na área FIFA em volta do estádio e cedeu seus palcos na Savassi para os ensaios. No dia dos jogos, eles também panfletaram dentro do estádio um flyer da Bud com versões da música Explode Coração e Minha Camisa Amarela (Da-lhe Da-lhe Da-lheô).

E assim, meio que do nada, um bando de gente comum estava fazendo algo para mudar isso. E não foi fácil. Tive que correr de PM, fugir de fiscal da prefeitura que segurava meu braço e me filmava querendo me multar (pelo visto distribuir panfletos é proibido por lei municipal em BH) e me esconder no meio da galera entrando logo no estádio para não perder a oportunidade de ver o jogo.

Acredite ou não, a única entidade que não encrencou comigo foi a FIFA. Duas representantes da instituição responsável pela fiscalização de marketing de emboscada vieram até a mim ver se havia alguma marca nos panfletos. Mostrei que não havia e elas liberaram eu distribuir mesmo dentro do Mineirão e ainda elogiaram a proposta e pegaram alguns panfletos para ela mesmo.

No campo, foi clara a evolução. O primeiro tempo para mim foi quase impecável. Explode Mineirão, na maior felicidade pegou. Eu sou brasileiro… só foi cantada depois de uma meia hora de jogo. E eu sequer ouvi a torcida do Chile que tão falando por aí, acho que foi coisa de microfone colocado perto deles para pegar os gritos. Explode coração pegou muito bem e foi puxada várias vezes. Já Da-lhe Da-lhe Da-lheô todo mundo canta essa parte mas não consegue cantar o resto ainda.

O 2º tempo foi bem diferente. O nervosismo passou a calar as pessoas e era difícil puxar um grito único no estádio onde cada um senta na sua cadeira marcada, separada e não pode haver instrumento de percussão.

“Fábio tentando puxar Minha Camisa Amarela (Da-lhe Da-lhe Da-lheô) no 2o tempo”

Ao separar os torcedores de forma randômica, fica impossível organizar um grito. No jogo do Vasco ou do Flamengo você tem a Força Jovem ou a Raça puxando e o resto acompanha. Você olha para o lado da torcida e sabe que dali vem o grito. Sua função é só ecoar.

E a proibição dos instrumentos de percussão só pioram. Pois eles ditam o ritmo da música. Fazem com que todos saibam qual é o ritmo para cantar. O pior é que, embora proibido, só brasileiro não consegue entrar com instrumentos. Já vi a “Banda loca” da Argentina com bumbo e bateria, já vi a torcida de gana com vários instrumentos coreografados e mesmo em Costa Rica x Grécia ontem no Recife você ouvia um trompete puxando.

A evolução existe, e BH foi o lugar certo para investir, já que se passarmos da Colômbia voltamos a jogar lá. Agora, sem uma ajuda mais forte dos patrocinadores como Brahma e Itaú fica difícil. Este último que ainda quer emplacar sua ótima, mas propagandeira música “Mostra sua força Brasil”. Só com pressão deles conseguiremos ter algum instrumento lá dentro, contratar animadores profissionais como o D’Artagnan para puxar o ritmo, pois se for para seguir o ritmo, acho que já estamos num bom caminho.

Fica aqui um apelo à Ambev, que tem apoiado o futebol brasileiro em geral para continuar e intensificar a ajuda. Só precisamos de ajudar a seleção chegar até a Final, pois no Maraca, deixa que a gente resolve!

Veja, aprenda e compartilhe abaixo as músicas da Banda Verde e Amarela

“Minha Camisa Amarela”

“Uma a menos que o Pelé”

“Sou Brasileiro”

“Vamos meu Brasil”

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A 1a experiência com o Padrão FIFA.

10411796_10152478828579666_8000098017419921016_nEu nem pensei em escrever sobre isso, mas o Rodrigo Oromë me deu a idéia e percebi que muita gente estava interessada em sabe como foi a experiência da Copa do Mundo no Estádio. O famoso Padrão FIFA.

A experiência de irritação com a FIFA inclusive começa na hora da compra (ou melhor, tentativa) dos ingressos. Acho que todo mundo que ficou até de madrugada apertando F5 para ver se saia da fila do site sabe do que eu estou falando. E comigo não foi diferente. Oi foi, além.

Durante as duas últimas semanas de maio e primeira de junho eu passei a minha vida scaneando o site. Eram 24 horas por dia com computador ligado que tocava uma versão meio esquisita de aquarela do Brasil toda hora que havia os ingressos que eu queria no site. E enquanto para muitos isso pode ser uma benção pois podiam ficar tranquilos em saber quando havia os ingressos no site, para outros era uma completa insanidade. Isso por que o computador tocava a música nas horas mais inóspitas do dia, tipo as 4:54 da manhã ou na hora que você está saindo para almoçar, ou ainda, no meio de uma aula para turma inteira ouvir. E eu, como louco que sou, pulava da cama, cancelava o almoço ou saia de sala para tentar comprar. E umas 90% das vezes era em vão, pois eram poucos ingressos, tinha outras milhares de pessoas usando o mesmo programa (ou similar) que eu e que foram mais rápido. Em geral eu levava 10 segundos para incluir o ingresso que acabou de sair no meu carrinho e na maioria das vezes já era tarde demais.

Bendita seja a Ciça, que não reclamou das inúmeras e constantes vezes que acordou no susto com o computador tocando uma sirene e comigo pulando sobre ela para alcançar mais rápido o computador. Ou dos inúmeros dias de sua viagem a Portugal onde eu não quis sair do quarto para absolutamente nada na esperança de tocar aquela Aquarela.
Mas valeu a pena. Nessa brincadeira eu consegui os ingressos que queria, inclusive aberturas pra família e lá estávamos nós indo para o Itaqueirão.

Muita coisa no estádio funcionou. Por exemplo o metrô. Tanto na ida quanto na volta foi bem tranquilo. Vi uns gringos reclamando que a estação estava muito cheia, com muita fila, mas puta que pariu né, isso é tipo reclamar que o céu é azul. O que importou pra mim é que as 19:00 eu tava levantando da minha cadeira lá no alto das arquibancadas temporárias e as 20:06 eu estava subindo o elevador do apartamento da minha irmã na Vila Mariana. Sem confusão ou empurra empurra. Apenas tendo que lidar com um pouco de paciência nas catracas.

Outra coisa impressionante foi o tanto de gente do lado de fora só para fazer festa vendo o povo ir para o jogo. Pessoas que imaginam que sejam da região estavam todos lá nas ruas que ainda tinham acesso sem bilhetes, vestidos de verde amarelo, fazendo festas e tirando fotos. Na entrada e na saída do jogo. Foi nesse momento que vi minha camisa favorita dessa copa, uma da Croácia com número 10 – Ronaldinhocovik. Achei sensacional!

Já minha primeira surpresa foi ver uma representante da FIFA dizendo em um megafone que não era permitido a entrada de chinelo no estádio. Veja bem, eu nunca concordei muito com o discurso que estádio brasileiro tem que ser arquibancada de concreto e geral pois é assim que o povo brasileiro assiste jogo, mas proibir chinelo pra mim era demais. Mesmo estando de tênis eu fui lá perguntar o porquê. E para minha surpresa, ela disse que era por que podia ser usado como arma (sic).

Gente, eu não sei direito quais são as estatísticas de assassinatos ou tentativas de com uso de chinelo. Ainda imagino que esfregar uma havaiana chulezenta, daquelas de quem tem caraca preta no meio dos dedos, na cara de uma outra pessoa seja a maneira mais fácil de matar alguém com uso de chinelo. Mas como assim pode-se usar o chinelo como arma?
Ainda incrédulo, eu perguntei então por que um tênis não podia também ser usado como arma e a resposta oficial padrão Fifa foi de que o tênis era muito caro para as pessoas jogarem no campo.

Como disse o próprio Rodrigo, entre outros, a FIFA acha que somos mal-educados suficientes para jogar um chinelo em campo, mas pobre o bastante para não jogar um tênis. É por aí.

Lindos demais para jogarmos no campo. Vai o chinelo mesmo!

Lindos demais para jogarmos no campo. Vai o chinelo mesmo!

O pior é que no campo, ao comprar bebida, você ganhava um lindo copo da Budweiser ou da Coca Cola, customizado para aquele jogo. E mesmo quando não haviam copos, você ficava com a garrafinha pet 600ml da Coca Cola. Quem é o mongoloide que a FIFA está tentando impedir de jogar chinelo em campo quando tem em suas mãos, uma garrafa pet que, além de bebida, ele pode até encher com o já tradicional mijo para jogar em campo?

E se a comida acabou antes do jogo, a água do banheiro durou até metade mais ou menos. Vi gente reclamando de falta de banheiros, mas pelo menos na sessão que eu estava, havia muitos e suficiente. Foi sempre tranquilo e sem fila ir neles. Mas imagino que as bombas d’água não deram conta de jogar água para os reservatórios na quantidade necessária.

Outra questão foi a cerveja. Como grande parte da grana da Copa vem dos patrocinadores e a Budweiser/Brahma são patrocinadoras, a lei que proíbe venda de cerveja no estádio foi revogada. E embora não tenha visto pancadaria pois o público ali não é de torcida organizada, vi e vivenciei muitos bêbados arrumando altas confusões e perturbando quem queria ver o jogo. E como a “segurança” dentro do estádio era feita por voluntários ou funcionários FIFA, não preciso dizer que nada foi feito certo. Os Stewards da FIFA tentavam resolver briga de dois bêbados na base da conversa e do “deixa disso”. Resumindo, nada resolvia e ninguém era retirado do estádio.

A abertura, nem vou falar nada né, todo mundo já viu aquela apresentação de pré-primário na TV. Não vejo nenhuma razão para alguém ficar vendo aquilo se não tivesse um filho ali participando.

Não sei se deu para perceber na TV tb, mas a luz ficou de um lado do campo ficou falhando e toda hora o refletor desligava. Isso e a água não tem jeito, é culpa nossa e dos atrasos mesmo. Mas o resto da organização do evento é toda da FIFA, sem palpitagem dos governos brasileiros. É a famosa MATCH que toma conta dos serviços de “hospitalidade” do jogo.

Agora, queria admitir uma última culpa nossa: a torcida de merda. Beleza que cantar o hino até a metade é mó legal e causa arrepios a muito, mas nossa organização enquanto torcida acaba aí. Depois é um monte de dondoca e mauricinho reclamando por que as pessoas estão levantando nos momentos de ataque do Brasil e puxando aqueles gritos de merda que a gente já conhece “Ole ole ole olá, Brasil Brasil” e “Eu, sou brasileiro…”.

União mesmo, só para xingar a Dilma. Mas aqui valem os parênteses que pelo menos no meu bloco, bem menos da metade das pessoas xingaram, embora entre 60 mil, 10 mil gritando já faça um alto e bom som. Não que os demais tivessem satisfeitos. Eles podem, assim como eu, achar simplesmente ridículo xingar ela por xingar.

“Os desapontamentos da vida são mais difíceis de encarar quando você não conhece nenhum palavrão.” – Calvin

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Tensão Pré-Copa

Só falta essa pra eu completar!

Só falta essa pra eu completar!

Demorou um pouco pra ficha cair, mas caiu. A Copa do Mundo está chegando e eu não consigo mais ignorar esse fato. Ela já ocupa pelo menos metade das minhas divagações diárias e, na falta de poder fazer qualquer outra coisa com relação a isso, resolvi escrever sobre.

Verdade seja dita, todo ano de Copa é assim pra mim. Normalmente começa bem antes, na Copa das Confederações, que é uma competição sádica da FIFA cujo único intuito é te deixar morrendo de vontade da Copa de verdade chegar logo.

Depois vem a preparação para o sorteio. Você faz uma planilha de excel que vai preenchendo com os times e vai formando automaticamente a tabela. Gasta dias e dias analisando os jogos e projetando os resultados, quase num Pré-Bolão.

Já fiquei sentido que desta vez eu estava em Vegas, e só pude parar por alguns minutos, entre um passeio ou outro para assistir o sorteio. Acabei por me privar daquele momento tão fundamental para a vida do ser humano quanto beber agua(ou no meu caso, Coca Zero).

Fiquei ainda longe daquele período entre janeiro e abril onde Nigéria x Eslováquia é um bom motivo para fingir uma doença no trabalho e ficar em casa vendo os Amistosos de Preparação para a Copa. O máximo que consegui foi assistir parte de Brasil x Africa, sem som, na tv da praça de alimentação de um shopping.

E a partir do momento que a Panini lança o álbum de figurinhas a Copa já começou. Não importa que eles colocaram o Ronaldinho Gaúcho no álbum pra vender mais figurinha em outros mercados. Completar o álbum é teu objetivo de vida no ano. Nada mais na tua vida importa enquanto você não tirar o Sun Heung-Min e completar a seleção da Coréia! E a Decepção só aumenta, a cada vez que você abre um pacote de figurinha e acha que conseguiu para logo depois perceber que era outro coreano com a mesma cara e nome.

O trabalho, a faculdade, a pelada no clube ou o almoço de domingo da família, nada mais tem sentido. Eles Se tornam apenas lugares ou ocasiões para se trocar figurinha.

Vem então os treinos da seleção. Você liga na Sportv e tem 3 comentaristas analisando o treino físico do Brasil enquanto os jogadores fazem polichinelo e correm em zigue zague em volta de cones. Aliás, falando em polichinelo, o que aconteceu com este exercício tão famoso por anos e anos ein? Desde quando o polichinelo saiu de moda? Vocês não tem a impressão que acordaram um dia e de repente, ninguém mais fazia polichinelo? Assim, do nada? Fim de uma era!

Mas bem, com ou sem polichinelo (eu preferia com, mas a gente vive com as decepções da vida) a Pré-Copa continua. Você passa então aqueles últimos 20 dias ouvindo o Casagrande e o Falcão comentando a desenvoltura do Kaká correndo em volta do gramado. Disposição de quem quer ser campeão!

E tudo isso culmina no ápice da preparação que é o Bolão! Foram meses de estudos, analisando os jogadores de cada seleção em seus clubes, o retrospecto da cada time nas eliminatórias e nós amistosos, até você ter certeza, como eu tive em 2006, que o Irã seria a surpresa da Copa da Alemanha e terminar vendo aquela sua prima de 7 anos que apostou em Alemanha 6 x 4 Gana ficar na tua frente.

Mas nada disso te desanima. O Bolão é quase o motivo pelo qual a Copa existe, ou alguém tem outro motivo para assistir Honduras x Coréia do Sul?

Lembro na copa de 2002 que nenhum jogo foi tão emocionante pra mim quanto Japão x Rússia. O jogo ocorreu lá pelas 2 da manhã e eu, brigando para ficar acordado pois havia apostado na vitória de 1×0 do Japão que me daria a liderança do Bolão. O problema todo foi que o Japão abriu o placar aos 4 minutos do primeiro tempo e eu tive de passar os 86 minutos seguintes torcendo contra os dois times. Nunca sofri tanto num jogo de futebol. Comemorava a cada impedimento como se fosse gol do Brasil.

E se, nesse tempo que estou longe do Brasil não posso manter minha tradição de assistir pela oitava vez Todos os Corações do Mundo (filme oficial da Copa de 94 que merecia o Oscar) me restou me virar com o que podia. Comprei uma revista portuguesa Quatro-Quatro-Dois que me falaram que via com o Guia do Mundial para descobrir que nas 11 páginas sobre o assunto, metade fala de samba e festa e a outra metade do novo game FIFA Soccer que a EA está lançando esse ano.

Consegui ao menos que a Ciça me trouxesse algumas Revistas Placar do Brasil, mas o tempo está ficando curto. Vou precisar parar um pouco com a leitura dos artigos para a tese de mestrado para poder dar a devida atenção nas notícias da seleção Belga e na renovação que o técnico está fazendo no elenco de Honduras.

Matar aula pra assistir a convocação da Bósnia? Pode sim! – Dollynho

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Viajando Low Cost by Perrengue Tour

Vai um pãozinho aí?

Vai um pãozinho aí?

Durante minhas viagens pelo mundo a fora, já tive experiência de todos os níveis. Do luxo ao lixo. Meu mochilão à Europa em 2008 por exemplo, de mochilão mesmo só havia a mochila em nossas costas. O resto eram hospedagens em hotéis confortáveis, em quartos privados e muitos deles até com terraço particular. Já na China, um marco da Perrengue Tour, passamos 3 dias sem hotel, dormindo nos meios de transporte (avião, trem, etc) e tomando banho onde desse (e se desse). Teve um dia que nos alimentamos apenas de um pacote de pão de forma puro, sem nem uma manteiguinha, até a noite, pois não conseguíamos encontrar um local para comer e não queríamos perder o passeio à Muralha.

Então, depois de fazer uma viagem a Londres com direito a musicais em West End seguido de jantares nos restaurantes do Gordon Ramsay e Jaime Oliver eu achei que estava na hora de pôr os pés de volta no chão.

Jantar no Maze, do Gordon Ramsay

Jantar no Maze, do Gordon Ramsay

Verdade seja dita, eu havia acabado de fazer uma viagem mais low cost pela Bélgica, comendo pão de ontem com toddynho comprado no mercado pra economizar no café da manhã. Mas num país onde o equivalente do Picolé Dragão Chinês deles é tipo, a Häagen-Dazs e da cerveja Schincariol é a Leffe, meio que não conta né?

Então, estava na hora de mais uma verdadeira viagem low cost by Perrengue Tour por Berlim, Cracóvia, Praga e Munique.

E viajar de Perrengue Tour não é só ficar em quarto compartilhado sem banheiro em albergue não. Exige-se muito mais para ter tal selo de qualidade. Significa por exemplo que, embora meu primeiro destino seja Berlim, minha passagem de avião é para Dortmund, a 500 km do destino final, simplesmente por que a passagem pra Dortmundo estava muito mais barata. O espírito é meio que “Se é Alemanha tá valendo”. De lá a gente se vira. Pega trem, busão, pau de arara, o que for preciso.

Avião, diga-se de passagem, já é artigo de luxo na Perrengue Tour. O resto da viagem vai ter de ser pela terra mesmo. Pegando aqueles ônibus que cruzam a fronteira para o leste europeu, dormindo abraçado na sua mochila com medo de ser esfaqueado por alguém que queira roubar seu tênis Nike (incrível, parece que estou descrevendo novamente minha viagem à China).

economizandonohotel E tem mais, comprar as coisas com antecedência é coisa de mariquinha. Um verdadeiro Perrengue Tour é aquele que você deixa pra contratar as coisas depois que chegou no lugar. Aí você vai ver de comprar passagem pro próximo destino, etc. Se muito, pode reservar uma cama, mas sem essas frescuras de Booking.com ou Tripadvisor. Tem que ser aquela reserva de boca mesmo, que você ligou pra lá e o cara, num inglês macarrônico, jurou pela mãezinha dele morta que sua reserva está feita.

Mala? Só a de mão. Não importa se vai ficar fora por 5 ou 15 dias, como é o meu caso. Basta embarcar vestindo 2 calças e 3 casacos, um por cima do outro que o resto cabe na mochila sim. E se você acha que é pouco, é por que não conhece os 4 lados da cueca.

E se é pra ter emoção até o fim, a volta mantém o nível. Se a passagem de Munique pro Porto estava muito cara, você compra uma até Barcelona que já é meio caminho andado. E de lá? Bem, de lá você se vira.

Com tudo isso agendado (ou meio que não), saio na próxima quinta e se, Nossa Senhora do Pau de Arara atender minha orações, volto dia 29 pra contar a vocês como foi. Até a volta, se Deus quiser!

“Se você se preocupa, você só se desaponta o tempo todo. Se você não se preocupa, nada importa, então você nunca se perturba.”– Calvin

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Maledeto Berdinazzi! – A vida por um Gelatto em Roma

Roma e Vaticano

Roma e Vaticano

Durante minhas viagens eu aprendi que o conceito de hotel varia muito de lugar pra lugar. Em Mérida na Espanha por exemplo, nosso hotel tinha tanto Bom Ar que parecia que você tava em motel do centro do Rio, sabe? Como se o dono tivesse aproveitado que o Pinho Brill tivesse em mega liquidação no Guanabara. Isso até você ir no banheiro né, por que depois disso parecia que o cachorro tinha cagado no jardim.

Já na Ásia o problema era o banheiro. Você nunca sabia se encontraria um vazo ou um buraco no chão. Box, só em 5 estrelas. O resto era aquele chuveiro em cima da privada que você vê em banheiro de empregada de apartamento antigo. Pra quem gosta de tomar um banho depois de cagar é perfeito!

Em Roma, não foi muito diferente, apenas a peculiaridade era outra. Primeiro que a Rua não seguia uma sequência lógica de números pares de um lado e ímpares de outro. Basicamente do meu lado o número decrescia (400, 397, 392…) enquanto do outro lado crescia (61, 64, 73…). Afinal, vamos facilitar pros turistas pra que né? Em segundo o hotel era basicamente um apartamento. Você tocava lá o interfone do 201 e alguém atendia e abria a portaria pra você subir. Lá dentro alguém pôs um computador na sala e começou a alugar os quartos e pronto.

Mas isso não foi o primeiro sinal de que a viagem tava fadada ao caos não. O primeiro sinal de Deus para não irmos foi, 4 dias antes, quando cancelaram nosso voo de ida e colocaram-nos em um que voaria no dia seguinte. Perderíamos 1 dia inteiro dos 2,5 que teríamos em Roma. E na tentativa de remarcar eu nunca fui tão mal atendido. O atendimento da TAP faz a Judith merecer quadro de funcionária do mês na Tim, com direito a foto no site e tudo. Basicamente eles foram agressivos, disseram que eu já tinha concordado na alteração da passagem pelo simples ato de receber o e-mail me informando da alteração e emendaram num “O que vocês querem que eu faça então?” num tom de deboche deixando claro que não fariam nada. Foi só quando lemos o regulamento da aviação civil portuguesa e que o Gustavo começou a citar os artigos do próprio Contrato da TAP afirmando os nossos direitos a até indenização que concordaram nos colocar num voo que ia por Lisboa no dia anterior e pagarem nossa estadia lá em Lisboa.

O engraçado é que em Lisboa nos colocaram no Hotel…. Roma. Ai ficou um papo de maluco entre a mulher da TAP no aeroporto e o Gustavo:

– O Sr. Vai para o Roma
– Eu sei
– Como sabe?
– Por que eu comprei a passagem pra lá
– Pro Roma?
– Pra Roma

Até uma hora que desistiram e se entenderam.

Foda foi acordar as 5 da manhã pra pegar o voo. O Marcos já tava preferindo ficar pelo Roma da Lisboa mesmo.

Roma em si é uma cidade meio bizarra né? Onde mais na sua vida você pode dizer: “Pega ali a esquerda depois do Coliseu, vai passar em frente ao Senado onde mataram Júlio César e aí é só seguir em frente”. É como pisar num lugar que você achava que se existia nos filmes e livros. É tipo, ir até a Arimatéia. Tipo, essa porra existe mesmo?

Fonte de Tritão de Bernini

Fonte de Tritão de Bernini

A cidade aliás tem tanta coisa de impressionante que fontes, construções ou monumentos que seriam o cartão postal de qualquer país em Roma serve de abrigo pra mendigo. Você passa em frente a Fonte de Tritão, do grande escultor Gian Lorenzo Bernini, autor de tantas obras de arte e acha que não vale a pena atravessar a rua pra ver mais de perto. É como se o banco da praça onde o pombo tá cagando em cima fosse feito por Leonardo da Vinci.

No primeiro dia fomos então no Coliseu. Iriamos também no Fórum Romano mas descobrimos que fechava as 16:30 e não deu tempo. Ficamos então rodando pela cidade até encontrar uma festinha na Nike Store com comida e cerveja liberada e não vimos motivo para não participar. Usaríamos o ingresso já comprado para ir no Fórum Romano no dia seguinte (valia por 2 dias) após irmos no Vaticano.

A ida ao Vaticano no entanto tomou nosso dia. Acho que fui ingênuo demais achar que rolava fazer o passeio em meio dia. Chegamos lá umas 9 da manhã e não saímos antes das 17:00. Os museus são bizarros. Tem escultura de mármore de Michelangelo servindo de calço de mesa, de tanto que tem naquele lugar. A arquitetura, as pinturas, a escultura é tudo tão grandioso, tão surreal.

Praça de São Pedro

Praça de São Pedro

O final dos museus, você tem os quartos de Rafael, a Capela Sistina de Michelangelo e algumas construções feitas sob sugestões de Leonardo Da Vinci faz pensar se quem morava ali era mesmo o Papa ou o Mestre Splinter.

E a Basílica de São Pedro então? Tipo, São Pedro tá enterrado ali. Tipo, o cara que conheceu Jesus. Era assim com o homem!

No último dia tentamos jogar o migué pra tentar entrar no Forum Romano com ingresso vencido do dia anterior (obviamente em vão) e seguimos para dar uma volta final no centro histórico. Passeamos pelo imponente Monumento a Vittorio Emanuelle, pela Piazza Navona e Piazza de Popolo. Tomamos Gelatto em todos os lugares que tivemos oportunidade. Teve um, de Nutella, que tomamos próximo ao Panteão que nem parecia sorvete. Parecia que o cara comprou aquele pote de 10KG de Nutella e pôs na geladeira e servia aquilo puro. A comida na Itália tava tão boa que quando perguntei à Ciça se ela estava gostando de Roma ela respondeu que amou o Macarrão Arrabiata que havia comido no dia anterior e o Vaticano. Nesta ordem!!!

No final, Deus, meio que por vingança pela profanação de solo sagrado, meio que pra poder dizer “Eu avisei pra não ir desde o início” pregou sua última peça conosco. Meu voo, ao invés de agendado para voltar de Roma no domingo dia 9 de fevereiro, estava para domingo dia 9 de março. E óbvio, eu descobri isso chegando no aeroporto, na hora do check-in. Isso por que eu tinha prova do MBA no dia seguinte.

Muita confusão e 300 euros a mais depois, eu consegui embarcar, na segunda cedinho, de volta para o Porto. Se valeu de algo, a vingança divina contra o Marcos e o Gustavo foram pior. A volta foi no meio de uma tempestade tão grande que o vento tremia o avião mesmo quando parado na pista e o fazia derrapar mesmo quando estava com as rodas no chão.

Então fica como dica para for a Roma: evite colar chiclete nas tapeçarias do Papa ou de limpar meleca nas estátuas de mármore de 3 mil anos do Vaticano. Aqui se faz, aqui se paga!

“Quando você pensa como os utensílios básicos trabalham ‘bem’, é difícil acreditar que alguém ainda pegue avião.” – Calvin

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A incrível Espanha: Estremadura e Andaluzia parte 2

Sempre bela Alhambra

Sempre bela Alhambra

O senso comum nos diz que não devemos nunca repetir aquele momento que te marcou pra vida. Mas se o senso comum soubesse de algo Zorra Total não tava a 15 anos no ar. Foi por isso que eu resolvi voltar a Granada, uma cidade de tantas lembranças, incluindo um jantar no El Trillo onde até o cheiro do lugar ainda estava na minha memória

Nos despedimos então de Córdoba a caminho de Granada onde iríamos visitar a belíssima Alhambra, antiga morada do Príncipe Nasrid durante a ocupação da região. Chegamos na cidade já apertados pra ir no banheiro. E como já foi cientificamente provado, a vontade de fazer xixi aumenta no dobro da proporção que diminui a distância até o banheiro. Cheguei no hotel já tendo que dá um nó no pinto para não sair nada e embiquei na garagem enquanto o Marcos e o Gustavo entraram no hotel para pedir que abrissem o portão do estacionamento do prédio para mim.

Uns trinta segundos depois a porta da garagem abriu e eu entrei. Mas logo notei um carro entrando atrás de mim. Pensei depois se foi coincidência dele chegar junto comigo ou se foi ele, e não os meninos que abriram a garagem. Descobri logo em seguida três coisas que me deixaram desesperados: 1 – aquela era uma garagem de um prédio residencial e não do hotel; 2 – aquele era um daqueles prédios que você precisa da chave do apartamento para destrancar as portas que te levam a escada ou ao elevador; 3 – eu ainda tava com vontade de mijar.

Corri de um lado pro outro procurando uma saída sem sucesso e tive de fazer o inevitável. Mijei ali na escada mesmo do jeito que deu. Nessa hora, o Marcos já andava pelo lado de fora achando que eu tinha sido abduzido, afinal, eus simplesmente desapareci da frente do hotel e não reaparecia. Ele começou então a procurar sinais de mijo (sério!) para ver se me achava pois sabia o quão apertado eu estava e imaginou que eu tivesse ido mijar em algum lugar.

Every day I'm a chafariz

Every day I’m a chafariz

Por sorte nossa, uma Senhora entrou na garagem e eu e a Ciça simplesmente nos jogamos na frente do carro dela, como aqueles caras de filme que fogem desesperados de algo pela floresta até dar numa estrada cheio de carros sabe. Ela então, desceu do carro e nos conduziu até a saída e explicou onde eram as vagas do hotel. Foi super simpática e prestativa, principalmente por que ainda não sabia que eu tinha mijado na escada do prédio dela.

Alhambra foi o que eu já sabia o que seria: uma exposição de arte árabe entalhada nas paredes de um palácio. Bem verdade que o grande impacto da viagem tinha sido na Catedral-Mesquita e que tudo depois daquilo parecia um pouco menor, mas ainda acho que Alhambra vale muito a pena. Complementa de uma forma única, além de ser um passeio muito agradável.

Chegamos então finalmente a Sevilha. Nesta altura, havíamos esquecido de baixar o trajeto do Google Maps no wifi do hotel e tivemos de ir navegando pelo GPS oficial mesmo, o que resultou no óbvio: não achávamos de jeito nenhum nosso hotel.

Catedral de Sevilha

Catedral de Sevilha

Uma coisa estranha que de tempos em tempos acontecia era que pegávamos, nos lugares mais inusitados, a rede wifi “eduroam” da Universidade Católica do Porto. No centro do Porto por exemplo, bem longe da faculdade, há a rede deles. Me disseram que é por que há um prédio com aulas por lá. Mas quando conectamos a ela em Córdoba, mesmo sem conseguir navegar, achamos super estranho.

E não foi que em Sevilha, no meio da confusão de busca do hotel, quando já estávamos a 50 minutos rodando feito barata tonta e encontrávamos a uns 4km do hotel o celular da Ciça num conecta automaticamente na “eduroam”? Lá estávamos nós, parados no sinal de transito, tentando em menos de 30 segundos achar nosso hotel no Google Maps e apontar logo nosso trajeto para lá. Mais um milagre na conta da Nossa Senhora do Guia Quatro Rodas.

Em Sevilha a viagem terminou em chave de ouro. A cidade é agradabilíssima. O Alcabaza é lindo e dá para passar um dia inteiro nele e em seus jardins se estiver ensolarado. As paredes, entalhadas mais uma vez em arte árabe não perde de muito para Alhambra. A catedral, também mistura pedaços originados de uma Mesquita com um estilo gótico onde as colunas são monumentais e o teto tão alto quanto um prédio de 10 andares, que parecem ser feitos para que você notasse seu tamanho e insignificância perante Deus. Era isso ou o arquiteto convenceu aos Bispos que pé direito alto valoriza o imóvel.

Foi também em Sevilha que tomamos o melhor sorvete de doce de leite do mundo (desculpe –me Häagen Daz). Sorveteria Mascarpone, nunca vou esquecer esse nome. Na verdade, o sorvete parecia um pouco mais caramelo, ou melhor, era um sorvete com o gosto perfeito daquelas balinhas quadradas de caramelo sabe? Aquelas mesmo que vinham num papel transparente em formato de um dado. Acho que todo mundo sabe do que eu to falando né?

Jiboiando na Plaza de España

Jiboiando na Plaza de España

No dia seguinte inclusive eu me recusei a ir embora sem tomar esse sorvete de novo. Passeamos antes pela Plaza de España, um outro lugar inesperadamente lindo onde inclusive foi filmada algumas cenas de Star Wars. Demos uma jiboiada para aproveitar o sol, pois sabíamos que na exata linha que fazia fronteira com Portugal reencontraríamos a chuva, e seguimos nossa viagem. Não sem antes, é claro, voltar lá pro sorvete apenas para descobrir que não havia mais de doce de leite. Mas depois de alguma insistência eu consegui que a atendente pegasse os potes vazios que ainda estavam guardados e raspasse o resto de sorvete de doce de leite que restava. E deu duas bolas, que eu peguei logo pra mim antes que alguém percebesse e quisesse uma delas.

No fim da viagem eu percebi que a Espanha é meu país preferido da Europa. Pelo menos dos que eu conheci. Em nenhum outro lugar eu encontro tanta diversidade de coisas para ver ou conhecer. Vai das ruinas romanas de Mérida às construções árabes da Andaluzia, passando pela arquitetura que parece tirada de um conto infantil de Gaudi em Barcelona e pela arte cristã-medieval de Toledo ou Santiago de Compostela. E olha que nem conheci ainda as praias de Mallorca ou Valencia, que já me falaram que são lindas.

Então, contrariando o senso comum que elegeu José Sarney e compra CD do Latino, a minha volta pela Andaluzia valeu muito a pena. Até mesmo meu retorno ao restaurante El Trillo, onde tive a mais memorável refeição da minha vida em 2008 ao som de Ella Fitzgerald cantando Beatles foi diferentemente agradável. Ou talvez essas regras apenas não valham para a Espanha, um país que tem coisa demais para ser repetitivo.

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