Do luxo ao lixo – Lua de Mel by Perrengue Tour

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O símbolo do Japão moderno

Finalmente Japão! A terra onde as privadas são mais interessantes que as mulheres. E isso não é nenhuma crítica às mulheres japonesas não, mas é que as privadas aqui são maneiras pra caralho mesmo. Primeiro elas fazem barulho de cachoeira ou jogam água dentro do vaso quando você senta para abafar o som do que você está fazendo ali. Em seguida, elas esquentam a tampa para mantê-la sempre em uma temperatura agradável para sua bunda. E para fechar com chave de ouro, tem o botãozinho da duchinha que sai de algum lugar de dentro do vazo e para na frente (pras meninas) ou atrás (para ambos) para jogar um jato de água morninha e te limpar. Algumas ainda já dão descarga automática quando você se levanta. A parada é tão sinistra que tem até instrução de como usar.

A viagem do Japão começou em Tóquio, uma cidade que não tem nada demais e tudo demais ao mesmo tempo. Não existe nenhum ponto turístico imperdível, mas ao mesmo tempo a cidade é sensacional. Só de andar pelas ruas, pelos bairros dos eletrônicos, dos animes e dos mangás (Akihabara) entrando de loja em loja para ver o que mais de maluco eles já inventaram. Passar horas rodando as ruazinhas de Shibuya atrás de restaurantes de sushis, bares bacanas e observando um dos cruzamentos mais movimentados e malucos do mundo, onde você tem certeza que aquilo ali não vai dar certo. Passear por Harajuku onde os adolescentes parecem ter saído do desenho da Sailor Moon ou Dragon Ball. Ou simplesmente andar sem rumo olhando os sinais luminosos, caminhando por parques ou templos e tudo mais, é uma graça. Ainda conseguimos emendar uma visita a Disney Tóquio já que a Ciça nunca tinha ido a Disney e aqui tem um parque (Disney Sea) que só existe no Japão. Única reclamação é que não tem lata de lixo. Não é tipo, tem pouco, tipo aquelas latas verdes de jogar pilha e bateria no Rio que você tem que andar por 3 semanas com pilhas no bolso até achar uma pra jogar fora não. É tipo, não tem mesmo!!!

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Akihabara

Comer era sempre um desafio pois quase lugar nenhum tem menu em inglês. Aliás, a falta do inglês também me surpreendeu. Fala-se muito melhor um inglês macarrônico na Tailândia do que no Japão. Mesmo nas recepções dos hotéis o inglês é nível daquela mulher que cantava Iarnuou (We are the world) no BBB, lembra? Solange aqui daria aula de inglês. No hotel de Kyoto por exemplo, eu perguntei onde comprava bilhete de ônibus pra recepcionista e ela respondeu em japonês Bendi-Machi apontando pro lado. Eu fiquei alguns minutos tentando entender onde ou o que era o Bendi-Machi. Se era o nome de rua, de uma loja ou de uma estação, até que outro recepcionista, mais safo, saiu da recepção e mostrou a Vending Machine, cerca de 2 metros pra minha esquerda e eu percebi que ela estava falando em inglês comigo mesmo.

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Kinkaku-ji, o Pavilhão Dourado

Kyoto, aliás é o contrário de Tóquio. Uma cidade, que foi capital do Japão o final do século 19 não é nem tão charmosa ou apaixonante como a atual capital, mas com templos cada um mais maravilhoso que o outro. É cartão postal ao lado de cartão postal. Isso tem um lado positivo que é o fato de que cada esquina você vê algo que te surpreende e um lado negativo, que são os pontos turísticos lotados de pessoas.

Aprendemos isso inclusive logo no primeiro templo que visitamos: o Kinkaku-ji, também conhecido como Pavilhão Dourado já que o templo principal deste santuário tem suas paredes pintadas a ouro. Embora lindo, me senti como se tivesse escolhido a véspera do Réveillon pra subir no Cristo sabe? Fiquei tentando imaginar a lógica budista desse negócio: você constrói um santuário de meditação, contemplação e autoconhecimento. Aí você pega essa ode ao silêncio e tranquilidade e abre pra 500 mil turistas por dia a 20 reais por cabeça. Não é à toa que tem 500 templos nessa cidade. Isso parece dar mais lucro que Igreja Universal.

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Feijões de vários sabores

Depois de ter caminhado por todo o templo como quem sai do Maracanã em final de campeonato, ao menos nos deparamos com inúmeras barraquinhas de comida esquisita japonesa que ofereciam provas para os turistas. Tiramos a barriga da miséria, provando inúmeras coisas esquisitas que nunca teria coragem de comprar. No final, ainda compramos um pacotinho de “ervilhas/feijões/sei lá o que era aquilo” com diversos sabores diferentes. Tinha uns doces, uns de páprica, uns de wasabi, uns que pareciam aquela pipoca do pacote rosa e uns com gosto de chulé. Me senti como o Harry Potter comendo os feijõeszinhos de todos os sabores.

Tivemos mais sorte dos outros templos do dia. Visitamos o Ryoan-ji, um templo que não tem nada demais como templo, mas tem um jardim maravilhoso e o Ginkaku-ji, um templo onde os telhados dos pavilhões são pintados de prata. Com certeza, nenhum dos dois são tão belos quanto o Pavilhão de Ouro, mas estavam tão mais tranquilos que deu para curtir e entrar no clima muito mais. No final, ainda caminhamos pelo Caminho do Filósofo, uma ruazinha toda arborizada à beira de um rio, cheio de lojinhas de arte, templos e cafés, que liga o Gingaku-ji a um outro famoso templo, o Eikando.

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Fushimi Inari

O 2º dia de Kyoto foi bem melhor. Subimos por 2 horas Fushimi Inari, o templo dos mil Toris, que são aqueles portões vermelhos japoneses. Quis comprar um, mas me disseram que era apenas para pendurar no templo com uma oração e não pra usar como decoração de casa. Pensei então que ou deveria ficar sem ou roubar o da oração de alguém pelo caminho. Não sei bem se foi por que seria estranho ter um Tori pintado com um pedido como casar a filha mais velha ou se foi por medo de algum espírito japonês me perseguir até o quinto dos infernos (e quem já viu filme de terror sabe que com macumba japonesa não se brinca), eu acabei por desistir da ideia e foquei em buscar um monge mais materialista disposto a fazer vista grossa pra sua religião para faturar uns trocados vendendo Toris pra turistas.

Curtimos mais o 2º dia também por que 2 dos outros templos que visitamos no dia (Chion-in e Yasaka), além de estarem bem menos cheios, eram a maioria de graça, o que no Japão faz toda diferença. Exceção do Kiyomizu-dera, que é o templo mais famoso de Kyoto e por isso cobrava o percentual do Buda na entrada.

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Aliás, do luxo da Tailândia onde se comia um banquete pra duas pessoas por 30 reais, passamos pro lixo do Japão onde um prato de arroz com nugget requentado num 7-Eleven da vida pode custar 60. Nada como passar sua lua de mel comendo comida congelada sentado no chão da rua. Alguns poderiam sugerir que nós levássemos a comida pra comer no hotel, mas os quartos são tão pequenos que ou cabem as malas ou cabem nós. Sem sacanagem, toda vez que eu entro no banheiro preciso colocar a mala no corredor de saída pra abrir a porta do banheiro e toda vez que vamos sair temos de por a mala na frente da entrada do banheiro pra abrir a porta do quarto. Se acabar o papel higiênico e alguém tiver de sair do quarto pra buscar enquanto o outro está no banheiro fudeu! Ninguém entra, ninguém sai! Bem, pelo menos, nessas horas tem a privada que lava, limpa e passa uma cera pra dar um brilho”.

“Nós estamos tão atarefados olhando com que está a nossa frente, que não temos tempo de aproveitar onde nós estamos.” – Calvin

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